domingo, 13 de junho de 2010

Campania, sabor e paciência

Bem, é uma aventura, eu sei. Costumo fugir das grandes datas em restaurantes, por mais que propaguei e anuncie as promoções e ofertas que os chefs oferecem. Dia das Mães, Dia dos Pais, almoço de Natal... "me incluam fora disso", como disse aquele repórter esportivo.
Mas aí chegou o Dia dos Namorados e decidimos jantar fora. Em cima da hora, mas não para entrar naqueles cardápios especiais e sim por jantar fora, tomar um bom vinho e curtir a boa comida. Liga aqui, liga ali e tudo lotado. "Ah, tem lugar depois das 23h" – respondeu alguém. "À meia noite é tranquilo" – veio outro.
Ora, não tenho mais idade pra isso. E mesmo quando era mais jovem nunca consegui entender essa coisa de ficar enrolando até chegar para jantar depois das dez. Que sufoco! Vá lá que numa saída do teatro ou do cinema, mas assim, de chofre, direto de casa? Tô fora!
Pois daí pesquisamos algumas casas, que nos deram retorno meio em cima da hora, mas decidimos confirmar a reserva no Campania Ristorante, que sempre primou pela boa comida de sotaque italiano. Vamos fugir da Noite dos Namorados, embora estivéssemos a dois e namorando – pensamos.
Mas era cardápio especial para o Dia dos Namorados. Tudo bem, nada contra, mas não era essa a ideia. Será que alguma casa que abrisse sem esse propósito talvez não se desse bem? Poder chegar e escolher o livre cardápio, sem restrições nem pressões?
Mas, enfim, já que estávamos lá, que assim fosse. O cardápio era interessante, como toda a comida da casa, por conta do casal Rafael e Marquerita. E com a filha Virgínia tomando conta do salão. O problema é que eram apenas eles. E o salão ficou à deriva.
Chegamos às 20h20, bem recebidos, reserva confirmada... e daí um tempão para chegar o cardápio. Vinte minutos depois, a seco, pedimos de atropelo as águas, o vinho e as comidas. Antes que fosse tarde e demorasse ainda mais.
Primeiro veio o vinho, um Vila Regia Douro 2006, da carta restrita a apenas quatro rótulos para a "noite especial". Chegaram as bruschettas às 21h, de Funghi e Salmão. Muito boas, especialmente a de funghi. Pedimos o azeite para completar o paladar e a moça disse que teria de ir buscar na outra mesa. E se os caras estivessem usando? Felizmente, não. E veio um belo azeite, com baixa acidez, padrão de qualidade da casa.



As bruschettas se foram e ficou aquele vazio, nada dos pratos principais. E o vinho descendo, até que interferi no processo e perguntei pra mocinha: e os nossos pratos? Como num passe de mágica, vieram em seguida: 21h50. O Spaghetti al vongole estava interessante, disse-me a Graça, mas boa parte das conchas não se abriu. Contadas, sete, de um universo de quantas? Quinze, vinte? 

O Ossobuco com papardelle estava ótimo, como sempre. Será que eu arriscaria dizer que é o melhor ossobuco de Curitiba? Teria de pesquisar melhor, mas lá nunca tem erro. E com direito a um tutano enoooorme, muito saboroso, além da carne se desmanchando e bem temperada.


Não fosse a falha do serviço e a noite poderia ter sido memorável. Mas parece que o garçom temporário não apareceu e aí o salão ficou apertado para as limitações da família. Tanto que nem arriscamos a pedir a sobremesa. Viemos para casa e fizemos um Brie com goiabada derretidos e tostados. 

Belo complemento de noite para um jantar de bom paladar, mas também de muita paciência. Ainda tem que estava naquelas noites zen.

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